'Não come nada que ela te der': em depoimento sobre bolo envenenado, sogra diz que familiares desconfiavam de suspeita; veja trechos

  • 22/01/2025
(Foto: Reprodução)
Depoimento de Zeli dos Anjos, revelou que família desconfiava de atitudes de Deise Moura dos Anjos antes mesmo do episódio do bolo envenenado. Suspeita de colocar arsênio em bolo também teria envenenado suco consumido pelo filho Em depoimento à Polícia Civil na investigação que apura mortes após o consumo de um bolo em Torres, Litoral Norte do RS, Zeli dos Anjos confirmou que a família desconfiava de comportamento de Deise Moura dos Anjos. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Ela e o filho, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimento à Polícia nesta semana. A íntegra foi obtida com exclusividade pelo repórter Humberto Trezzi e Fábio Schaffner, do jornal Zero Hora. Veja a cronologia do caso O depoimento descreve que Maida Berenice Flores da Silva, que morreu após comer o bolo envenenado antes do feriado de Natal, havia alertado ainda no velório do seu marido, Paulo Luiz dos Anjos, para que ela tivesse cuidado com o que Deise desse para a família consumir. No depoimento, Zeli afirma que Maida disse: "Não come nada que ela (Deise) te der, não bebe nada que te alcance; Se for tomar chimarrão, deixe que ela beba primeiro". Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), Paulo ingeriu arsênio antes de morrer. Deise, à esquerda, e Zeli, à direita, em evento familiar em 2021 Arquivo Pessoal O relatório também indica que Zeli confirmou que o relacionamento da família declinou desde que a Deise iniciou o relacionamento com o filho. Ela já havia percebido que a nora tinha "ciúmes" dela. De acordo com o depoimento, Zeli explicou que a suspeita chegava a copiar o seu jeito de se vestir. Veja trechos do depoimento abaixo: "Questionada, disse que acredita que Deise tenha envenenado tanto o leite em pó (utilizado no café com leite que ocasionou a morte do Paulo), quanto a farinha (utilizada no bolo de reis); Que também acredita que Deise envenenou o suco de manga que Diego e Davi beberam" "Que nunca tiveram convivência com a família de Deise, pois ela nunca permitiu, ela 'tinha vergonha da família'; Que considera Deise muito manipuladora, inclusive as pessoas mais manipuladas eram os pais dela, que a impressão era que ela os controlava". "Que sentia que Deise torcia para que o pai dela morresse e a declarante não duvida que ela possa ter matado o genitor". "Que os sintomas do Paulo foram parecidos com os que a declarante viu suas irmãs e sobrinha ter; Questionada, disse que hoje, sem sombra de dúvidas, o leite em pó trazido de Canoas foi envenenado por Deise". "Que Maida lhe disse, após o velório, que Deise olhava para o corpo de Paulo e expressava uma sensação de vitória em seu rosto". "Que a irmã da declarante, Maida, no dia do óbito de Paulo disse a declarante 'Maninha, não come nada que ela (Deise) te der, não bebe nada que te alcance; Se for tomar chimarrão, deixe que ela beba primeiro'; Que Maida não utilizou a palavra 'veneno', mas tentou alertar de alguma forma que o que viesse de Deise poderia estar envenenado". "Que até maio ocasião da enchente, Deise estava bloqueada no celular da declarante há dois anos; Que durante a enchente, Deise reaproximou da declarante oferecendo auxílio". Que não experimentou a massa do bolo e não sentiu odor diferente, apenas 'achou a farinha estranha', então peneirou, mas pensou que como era de doação e de uma marca desconhecida poderia ser a qualidade da farinha". "Que não sabe quem comeu primeiro o bolo, mas acredita que foi a Tatiana, pois ela pegou uma fatia, comeu e questionou a declarante: 'Dinda (declarante), não foi você que fez esse bolo? Está com gosto estranho'. "Que hoje, tem convicção que a atitude de Deise de envenenar a farinha matou Maida, Neuza, Tatiana e quase matou Mateus, Jeferson e a declarante". "Que hoje tem convicção de que a atitude de Deise de envenenar o suco de manga era com o objetivo de matar Davi e Diego". "Que tem medo de Deise 'enquanto ela estiver viva' e teme pela sua segurança caso algum dia ela deixe o presídio; Que afirma com certeza que a Deise é dissimulada e manipuladora". Bolo envenenado foi recolhido ao Instituto Geral de Perícias (IGP) Divulgação/IGP Leia também Bolo envenenado: polícia pede coleta de sangue do marido e filho de suspeita, diz delegado 'Manipuladora', 'fria', 'dissimulada': polícia traça perfil de suspeita de envenenar bolo com arsênio no RS Bolo com arsênio: Polícia Civil vê indícios de 'homicídios em série', e novo corpo pode ser exumado Suspeita de suco envenenado Na segunda-feira (20), exames detectaram a presença da substância na urina de Diego e do filho. A Polícia suspeita que a bebida possa ter sido envenenada por Deise, e que o filho não tenha tomado o suco de forma acidente. "Ao que tudo indica, o consumo do suco feito pelo filho da investigada não foi acidental. Então, mais detalhes eu não posso conceder neste momento, mas ele não foi acidental", afirmou o delegado Marcos Vinícius Veloso "Não foi acidental o consumo do suco, seja por parte do marido da investigada, seja por parte do filho da investigada". Em nota, a defesa de Deise afirma que "não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas". Deise está presa por suspeita da morte de três pessoas que comeram um bolo envenenado por arsênio. Veja a linha do tempo do caso. Polícia suspeita que Deise Moura dos Anjos tenha praticado crimes em série Reprodução/TV Globo A Polícia Civil havia pedido, na última semana, ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), a coleta de material genético do marido e do filho da mulher suspeita de envenenar o bolo que matou três pessoas da mesma família em Torres, no Litoral, com arsênio. A polícia tenta entender agora como a farinha com arsênio, usada para fazer o bolo de Natal, foi levada até a dispensa de Zeli dos Anjos. Segundo o delegado, a suspeita esteve na casa no dia 20 de novembro, mais de 1 mês antes das intoxicações e mortes. Investigação Zeli dos Anjos e o marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, prestaram depoimentos como testemunhas nesta segunda-feira (20), e não são tratados como suspeitos pela polícia. Em nota divulgada no dia 10 de janeiro, a defesa da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente, alega que "as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso" e que "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação". Polícia diz que sogra era alvo Segundo o delegado, a sogra da suspeita, Zeli dos Anjos, era o principal alvo dos envenenamentos. "O principal alvo dela era a Zeli. Ela estava no dia 2 de setembro, quando fez o café com leite em pó e tudo mais, junto com seu marido, e também estava no local em que Zeli fez o bolo em Arroio do Sal e ela também consumiu o bolo e também foi para o hospital", diz. Depois do caso do bolo ser revelado, a polícia passou a investigar se Deise Moura dos Anjos teria envolvimento também na morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que morreu em setembro, supostamente por intoxicação alimentar. A polícia exumou o corpo, e exames constataram que ele ingeriu arsênio antes de morrer. O sogro de Deise morreu de infecção intestinal após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora. Após a morte do sogro, um áudio enviado por Deise revela o relacionamento problemático com a família. "A gente tá muito nervoso, muito ansioso, um pouco depressivo também. Ele era um pai maravilhoso, um avô muito querido e a minha sogra é uma peste", diz. Os envenenados De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não comeu o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada. Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar". A mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, recebeu alta do hospital nesta sexta-feira (10). Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, ela foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. Uma criança de 10 anos, que também comeu o bolo, foi liberada na semana anterior. Nota da defesa de Deise "A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos. Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos. Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas. Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito. Cassyus Pontes Advocacia"

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/01/22/depoimento-bolo-envenenado-sogra-suspeita-veja-trechos.ghtml


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